segunda-feira, 6 de abril de 2009

Parte 2 Reforma- Pentecostalismo e Personagens

REFORMA

A reforma foi um movimento resultante de uma multiplicidade de fatores políticos, sociais e econômicos. Os governantes se opunham ao internacionalismo político do papado. A classe média nascente, tinha seu progresso bloqueado pelo ultrapassado sistema feudal. A Igreja Católica era a fortaleza de tal sistema e precisava ser atacada, por outro lado, a nobreza tinha interesse em confiscar as terras da Igreja e da burguesia. O humanismo também exerceu sua influência com sua crítica à Igreja.

SITUAÇÃO DA IGREJA NO PERÍODO ANTERIOR À REFORMA
A verdade fora substituída por preceitos e tradições.
Era o paganismo com o rótulo de cristianismo. As verdades das Escrituras não eram ensinadas ao povo, culto em latim, leitura da Bíblia proibida, falta de explanações sobre a Palavra de Deus. Os rituais tomaram o lugar da fé verdadeira, o clero como mediador entre Deus e os homens.
Corrupção e imoralidade do clero, domínio político e econômico da Igreja, profanação do santo, desrespeito aos mandamentos, templos e vestes aparatosos. Povo enganado com promessas de divertimentos públicos, cheios de medo e superstição, medo de Deus e dos sacerdotes, culto a imagem, etc.
Indulgências. Perdão adquirido pela compra de documentos cujo preço variava de acordo com a espécie de pecado.
• Perdão dos pecados das almas no purgatório.
• Perdão dos pecados futuros (perdão por antecipação)
Comércio dos bens espirituais, pecado de Esaú praticado: Hebreus 12:16-17.
Pecado de Simão - desejado: Atos 8:18-20.

Tetzel o principal na venda proclamava: “Tão logo o dinheiro no cofre cair, a alma do purgatório irá fugir”.
Objetivos da venda: Término da Basílica de São Pedro.
Papa da época: Leão X.

• Vozes dos que clamam no deserto: “7.000 fiéis preservados”
Com todos os desmandos da Igreja, havia sempre aqueles que testemunhavam seu descontentamento. Eram considerados hereges. Julgados pelo tribunal da Santa Inquisição ficavam mantidos presos ou eram levados à morte.

Albigenses e Valdenses: Pregavam contra a imoralidade do clero, o culto a mortos e a imagens, rejeitavam a missa e o purgatório. Tinham a Bíblia como regra de fé e conduta. Procuravam viver em pureza.
Fixados na França, Itália e Espanha.
Massacrados por Cruzadas e pela Inquisição.

João Wyclif e João Huss: Lideravam movimentos contra a dominação do clero, contra a autoridade do papa e contra doutrinas antibíblicas como a transubstanciação. Defendiam a leitura da Bíblia pelo povo. Foram condenados à morte pelo concílio de Constança em 1414.

Savonarola: Enforcado e queimado em Florença. 1498.

Lutero: Homem usado por Deus para liderar o movimento que foi o estopim da fogueira das reformas geradas em função da nova mentalidade religiosa, isto é, todas as transformações sociais políticas e econômicas exigiam mudanças ideológicas e foi na Reforma protestante que encontraram ponto de apoio. 1483 - 1546.
Aos 20 anos, Lutero, na Universidade, descobre uma Bíblia em latim e começa a ter contato com a verdade, confrontando a situação da Igreja com suas inovações pagãs, imoralidades, etc...

Em 1505, formou-se em teologia e filosofia.
Neste período de sua vida, uma grave enfermidade, a morte de um amigo íntimo e ainda, dois acidentes nos quais quase perde a vida, fazem com que Lutero decida ingressar no convento onde esperava encontrar a paz. Pensava que precisava ser mais piedoso para conquistar a graça de Deus.

Ainda não conhecia o Deus reconciliado em Cristo. Foi Frei e mais tarde Monge. Em Witemberg, torna-se professor na Universidade e pregador na capela do Mosteiro e depois na Catedral da cidade.
Suas pregações atraíam o povo, pois ele falava de maneira diferente do que o povo era habituado a ouvir. Multidões vinham ouvi-lo apontar Cristo ao pecador. Desde os tempos de estudante sua consciência lutava contra os ensinos da Igreja.
Torna-se respeitado e conhecido como pregador. Continua a se aprofundar no estudo da Bíblia, analisando-a em classe com os alunos. Fez exposições do Saltério e das Epístolas aos Romanos, Gálatas, Hebreus e Tito. Sempre teve preferência pelos Salmos.

“Se quiseres ver a Santa Igreja Cristã pintada em cores vivas e
em miniatura, toma o Saltério e terás diante de ti um espelho
a te mostrar o que é a cristandade. Cada cristão que pretende orar e
ser piedoso, devia considerar o Saltério seu livrinho especial.
Cada cristão deveria tornar-se tão familiarizado com ele que
o soubesse de cor, palavra por palavra,
para que toda vez que tivesse de dizer
ou fazer alguma coisa pudesse citar
um versículo como máxima”.

Em 1517 o comércio das indulgências influenciara também congregação de Wittemberg. Tetzel instalara sua “tenda de reconciliação entre Deus e os homens” em cidades próximas, para onde o povo desorientado corria. Paroquianos insatisfeitos exibiam indulgências a Lutero.

Em outubro de 1517 Lutero fixa na porta da Igreja de Wittemberg suas 95 teses contra as inovações da Igreja, mas principalmente condenando a venda das indulgências. Através de folhetos distribuídos por toda a Europa, convida a todos os que quisessem assistir a defesa das suas teses, que comparecessem a Wittemberg.

Lutero confiava receber o apoio do papa pelo fato de revelar os abusos do tráfico de indulgências.
Lutero pretendia uma reforma na Igreja, acreditava na inocência do papa, mas Leão X o excomunga em 1520. Lutero queima a bula de excomunhão em praça pública.
O domínio político econômico exercido pela Igreja em todo o mundo era contestado por muitos príncipes que apoiaram o movimento religioso da Reforma.

A cristandade se divide com a Reforma. Uns aceitam as verdades proclamadas. A Inglaterra, a Grécia separam-se de Roma, fazendo suas reformas à parte de Lutero.

Princípios fundamentais da Reforma
• Supremacia da fé sobre as obras;
• Supremacia da Bíblia sobre a tradição;
• Sacerdócio Universal dos fiéis.
A reforma defendia a liberdade de consciência em oposição à Igreja Romana que ditava o que se devia crer ou pensar.
A reforma defendia o livre exame da Bíblia que a Igreja proibia.
A invenção da imprensa (1455) favoreceu muito a divulgação dos pensamentos de Lutero e de outros reformistas por toda a Europa. Facilitou também, o acesso da população à Bíblia.
O primeiro livro impresso foi a Bíblia.
http://www.comunidades8.org.br/estudos/revistas/igreja/licao_12.html


Girolamo Savonarola






Girolamo Savonarola (Ferrara, 21 de setembro de 1452 – 23 de maio de 1498), cujo nome é por vezes traduzido como Jerônimo Savonarola ou Hieronymous Savonarola, foi um padre dominicano e, por curto período, governou Florença.
Nascido em Ferrara, no dia 21 setembro de 1452, Savonarola morreu em Florença, a 23 maio de 1498. Este reformador dominicano veio de uma antiga e tradicional família de Ferrara. Intelectual muito talentoso devotou-se a seus estudos, em especial à filosofia e à medicina. Em 1474, quando em uma viagem a Faenza, ouviu um forte sermão, proferido por um padre agostiniano, e resolveu renunciar ao mundo, incorporando-se à ordem dominicana na
Sentindo profundamente a perda de valores trazida pelo ideário do Renascimento, como é evidente do poema No declínio da igreja, que escreveu no primeiro ano de sua vida monástica.
Em agosto de 1490, Savonarola começou seus sermões no púlpito da igreja de São Marcos, com a interpretação do Apocalipse. Seu sucesso foi completo: toda a cidade de Florença ia ouvi-lo, de modo que seus sermões na catedral foram exercendo uma influência constantemente crescente sobre o povo.
Em seus novos sermões atacou violentamente os crimes de Roma, que aumentaram desse modo as paixões em Florença. Um cisma começou a se prefigurar e o Papa foi forçado outra vez a agir. Mesmo assim, Savonarola prosseguiu com suas pregações cada vez mais violentas contra a igreja de Roma, recusando-se a obedecer às ordens recebidas. Em 12 de maio de 1497, foi excomungado.
Savonarola terminou preso por ordem papal e condenado à morte. Foi enforcado no dia 25 de maio e seu corpo queimado.
Entre os seus escritos, estão: Triumphus Crucis de fidei veritate (Florença, 1497), seu principal trabalho na apologia ao cristianismo; Compendium revelationum (Florença, 1495); Scelta di prediche e scritti, (Florença, 1898); Trattato circa il Reggimento di Firenze, (Florença, 1848); suas cartas, Archivio storico italiano (1850); poemas (Florença, 1847) e Dialogo della verita (1497).



John Wycliffe




John Wycliffe (ou Wyclif) (1320 — 31 de dezembro 1384) foi professor da Universidade de Oxford, teólogo e reformador religioso inglês, considerado precursor das reformas religiosas que sacudiram a Europa nos séculos XV e XVI (ver: Reforma Protestante). Trabalhou na primeira tradução da Bíblia para o idioma inglês, que ficou conhecida como a Bíblia de Wycliffe.
Na Universidade, aplicou-se nos estudos de teologia, filosofia e legislação canônica. Tornou-se sacerdote e depois serviu como professor no Balliol College, ainda em Oxford. Por volta de 1365 tornou-se bacharel em teologia e, em 1372, doutor em teologia.
Apesar de sua crescente popularidade, a Igreja apressou-se em censurar Wycliffe. Em 19 de fevereiro de 1377, Wyclif é intimado a apresentar-se diante do Bispo de Londres para explanar-lhe seus ensinamentos. Compareceu acompanhado de vários amigos influentes e quatro monges foram seus advogados. Uma multidão aglomerou-se na igreja para apoiar Wycliffe e houve animosidades com o bispo. Isto irritou ainda mais o clero e os ataques contra Wycliffe se intensificaram, acusando-o de blasfêmia, orgulho e heresia. Enquanto isso, os partidos no Parlamento inglês pareciam convictos de que os monges poderiam ser melhor controlados se fossem aliviados de suas obrigações seculares.
Wycliffe então se retirou para sua casa em Lutterworth, onde reuniu sábios que o auxiliaram na tarefa de traduzir a Bíblia do latim para o inglês. Enquanto assistia à missa em Lutterworth, no dia 28 de dezembro de 1384, foi acometido por um ataque de apoplexia, falecendo 3 dias depois, no último dia do ano.



John Huss



Jan Hus (Husinec, Boémia do Sul, 1369 - Constança, 6 de Julho de 1415) foi um pensador e reformador religioso. Ele iniciou um movimento religioso baseado nas ideias de John Wycliffe. Os seu seguidores ficaram conhecidos como os Hussitas. A igreja católica não perdoou tais rebeliões e ele foi excomungado em 1410. Condenado pelo Concílio de Constança, foi queimado vivo.

Um precursor do movimento protestante (ver: Reforma Protestante), a sua extensa obra escrita concedeu-lhe um importante papel na história literária checa. Também é responsável pela introdução do uso de acentos na língua checa por modo a fazer corresponder cada som a um símbolo único. Hoje em dia a sua estátua pode ser encontrada na praça central de Praga, a Staroměstské náměstí (Praça da Cidade Velha)





Melanchton






Teólogo e educador alemão nascido em Bretten, (1497 - 1560) principal colaborador de Martinho Lutero e herdeiro deste na liderança do luteranismo (1546) após a morte do reformista alemão. Estudou em Heidelberg, Tübingen e Wittenberg e, influenciado pelas obras do filósofo inglês Guilherme de Occam, passou a questionar a teologia escolástica. Publicou traduções de textos gregos (1518) e no mesmo ano foi convidado para lecionar essa língua em Wittenberg, onde propôs uma reforma no programa de educação. Após conhecer Martinho Lutero, com quem colaborou na tradução da Bíblia, e aderiu à Reforma. Publicou ainda Loci communes rerum theologicarum (1521). Esforçou-se para alcançar a concórdia e a pacificação durante a disputa entre Lutero e Zwingli sobre a eucaristia e, com isso, abriu caminho para uma aproximação com os católicos romanos. Essas distinções não chegaram a afastá-lo de Lutero, sobretudo por seu temperamento pacato. Morreu em Wittenberg, sendo que seu cognome Melanchton veio em função de seu gosto pelos estudos dos clássicos gregos, uma versão grega do sobrenome Schwarzerd que significa terra negra.


Cronologia:
1483, 10 de novembro: Nasce Lutero.
1509: Henrique VIII(1491-1547) torna-se rei da Inglaterra. Nasce João Calvino em 10 de julho.
1517, 31 de outubro: Lutero fixa as suas “95 Teses” na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg.
1518: Lutero recusa-se a retratar-se perante o papa Leão X(1475-1521; pontificado: 1513-1521).
1520, junho: Leão X condena 41 proposições de Lutero.
1521, 21 de janeiro: Leão X excomunga Lutero, mas levam vários meses até a ordem de excomunhão chegar à Alemanha.
1522: Lutero publica a sua advertência contra os distúrbios e publica a tradução do grego para o alemão do Novo Testamento, com gravuras de Lucas Cranach (1472-1553).
1523: Lutero publica texto que fala do direito de a comunidade de fiéis julgar toda a doutrina e nomear e demitir clérigos.
1524-1525: Revolta camponesa liderada por Thomas Müntzer (1490-1525).
1525: Lutero publica texto contra os “profetas sagrados” e contra as “revoltas camponesas”.
1528: Mandato imperial ameaça de morte os anabatistas.
1530: Carlos V (1500-1558) – rei de Espanha desde 1516 e eleito imperador Habsburgo desde 1519 – fracassa em impor uma ortodoxia religiosa ao império.
1534: Ruptura de Henrique VIII da Inglaterra com Roma, supressão dos monastérios e concessão de permissão para os padres se casarem. Na Alemanha, Lutero publica a tradução do hebreu para o alemão do Velho Testamento.
1534-1535: Anabatistas tomam o poder em Münster, mas seu “reino” é derrubado pela coligação de forças católicas e protestantes.
1536: Surge a primeira edição de “Instituições da Religião Cristã”, de João Calvino. Ocorre também a introdução da bíblia vernacular na Inglaterra.
1542: Calvino organiza o seu catecismo em Genebra.
1544: Calvino admoesta os anabatistas.
1545, 13 de dezembro: Começa o Concílio de Trento.
1546, 18 de fevereiro: Morre Lutero.
1547: Eduardo VI(1537-1553) assume o trono na Inglaterra e demonstra forte tendência calvinista.
1549: Eduardo VI lança o livro de pregações e pretende forçar a uniformidade religiosa em torno da fé reformada na Inglaterra.
1553: Morre Eduardo VI e sua irmã mais velha, Maria I(1516-1558), pretende o retorno da Inglaterra ao Catolicismo.
1558: Morre Carlos V da Espanha e Maria I da Inglaterra. Elizabeth (1533-1603) assume o trono da Inglaterra e tenta restaurar o anglicanismo de seu pai, Henrique VIII, o que significava evitar os extremos puritano(Eduardo VI) e católico(Maria I).
1560, Março: Fracasso de uma conspiração de jovens aristocratas huguenotes contra a Casa Católica do Duque de Guise na França. Primeiro édito de tolerância é editado.
1561, Setembro-Novembro: Colóquio de Poissy, mas fracassa a tentativa de restaurar a unidade entre huguenotes e católicos na França.
1562, março: Massacre dos huguenotes em Vassy comandada pela Casa Católica de Guise. Primeira Guerra Civil Religiosa na França.
1563: Em março, Catarina de Médicis(1519-1589; regente: 1560-1574) tenta por fim à guerra civil francesa com a assinatura da Paz de Amboise, que concede certo grau de tolerância para os huguenotes. Neste mesmo ano, encerra-se o Concílio de Trento.
1564, 27 de maio: Morre João Calvino. Théodore de Béze(1519-1605) sucede Calvino como líder da reforma protestante centrada em Genebra.
1572, 23-24 de agosto: Noite do Massacre de São Bartolomeu em Paris.
1598: Publicação do Édito de Nantes.
1685: Revogação do Édito de Nantes.

Parte 1 - Reforma, Pentecostalismo, Personagens

Biografia.
Martinho Lutero nasceu em 10 de novembro de 1483, em Eisleben, Alemanha. Foi criado em Mansfeld. Na sua fase estudantil, foi enviado às escolas de latim de Magdeburg(1497) e Eisenach(1498-1501). Ingressou na Universidade de Erfurt, onde obteve o grau de bacharel em artes (1502) e de mestre em artes (1505).
Seu pai, um aldeão bem sucedido pertencente a classe média, queria que fosse advogado. Tendo iniciado seus estudos, abruptamente, os interrompeu entrando no claustro dos eremitas agostinianos em Erfurt. É um fato estranho na sua vida, segundo seus biógrafos. Alguns historiadores dizem que este fato aconteceu devido a um susto que teve quando caminhava de Mansfeld para Erfurt. Em meio a uma tempestade, quase foi atingido por um raio. Foi derrubado por terra e em seu pavor, gritava "Ajuda-me Santa Ana! Eu serei um monge!". Foi consagrado padre em 1507.
Entre 1508 e 1512, fez preleções de filosofia na Universidade de Wurtenberg, onde também ensinou as Escrituras, especializando-se nas Sentenças de Pedro Lombardo. Em 1512 formou-se Doutor em Teologia.
Fazia conferências sobre Bíblia, especializando-se em Romanos, Gálatas e Hebreus. Foi durante este período que a teologia paulina o influenciou, percebendo os erros que a Igreja Romana ensinava à luz dos documentos fundamentais do cristianismo primitivo.
Lutero era homem de envergadura intelectual e habilidades pessoais. Em 1515, foi nomeado vigário, responsável por onze mosteiros. Viu-se envolvido em controvérsias com respeito à venda de indulgências.

Suas Lutas Pessoais.
Lutero estava galgando os escalões da Igreja Romana e estava muito envolvido em seus aspectos intelectuais e funcionais. Por outro lado, também estava envolvido em questões pessoais quanto à salvação pessoal. Sua vida monástica e intelectual não fornecia resposta aos seus anseios interiores, às suas aflitivas indagações.
Seus estudos paulinos deixaram-no mais agitado e inseguro, particularmente diante da afirmação "o justo viverá pela fé", Romanos 1:17. Percebia ele que a Lei e o cumprimento das normas monásticas, serviam tão-somente para condenar e humilhar o homem, e que nesta direção não se pode esperar qualquer ajuda no tocante à salvação da alma.
Martinho Lutero, estava trabalhando em "repensar o evangelho". Sendo monge agostiniano, fortemente influenciado pela teologia desta ordem monástica, paulina quanto aos seus pontos de vista, Lutero estava chegando a uma nova fé, que enfatizava a graça de Deus e a justificação pela fé.
Esta nova fé tornou-se o ponto fundamental de suas preleções. No seu desenvolvimento começou a criticar o domínio da filosofia tomista sobre a teologia romana. Ele estudava os escritos de Agostinho, Anselmo e Bernardo de Claraval, descobrindo nestes, a fé que começava a proclamar. Staupitz, orientou-o para que estudasse os místicos, em cujos escritos se consolou.
Em 1516, publicou o devocionário de um místico desconhecido, "Theologia Deutsch". Tornou-se pároco da igreja de Wittenberg, e tornou-se um pregador popular, proclamando a sua nova fé. Opunha-se a venda de indulgências comandada por João Tetzel.

As Noventa e Cinco Teses.
Inspirado por vários motivos, particularmente a venda de indulgências, na noite antes do Dia de Todos os Santos, a 31 de outubro de 1517, Lutero afixou na porta da Igreja de Wittenberg, sua teses acadêmicas, intituladas "Sobre o Poder das Indulgências". Seu argumento era de que as indulgências só faziam sentido como livramento das penas temporais impostas pelos padres aos fiéis. Mas Lutero opunha-se à idéia de que a compra das indulgências ou a obtenção das mesmas, de qualquer outra maneira, fosse capaz de impedir Deus de aplicar as punições temporais. Também dizia que elas nada têm a ver como os castigos do purgatório. Lutero afirmava que as penitências devem ser praticadas diariamente pelos cristãos, durante toda a vida, e não algo a ser posto em prática apenas ocasionalmente, por determinação sacerdotal.
João Eck, denunciou Lutero em Roma, e muito contribuiu para que o mesmo fosse condenado e excluído do Igreja Romana. Silvester Mazzolini, padre confessor do papa, concordou com o parecer condenatório de Eck, dando apoio a este contra o monge agostiniano.
Em 1518. Lutero escreveu "Resolutiones", defendendo seus pontos de vista contra as indulgências, dirigindo a obra diretamente ao papa. Entretanto, o livro não alterou o ponto de vista papal a respeito de Lutero. Muitas pessoas influentes se declararam favoráveis a Martinho Lutero, tornando-se este então polemista popular e bem sucedido. Num debate teológico em Heidelberg, em 26 de abril de 1518, foi bem sucedido ao defender suas idéias.

Reação Papal.
A 7 de agosto de 1518, Lutero foi convocado a Roma, onde seria julgado como herege. Mas apelou para o príncipe Frederico, o Sábio, e seu julgamento foi realizado em território alemão em 12/14 de outubro de 1518, perante o Cardeal Cajetano, em Augsburg. Recusou-se a retratar-se de suas idéias, tendo rejeitado a autoridade papal, abandonando a Igreja Romana, o que ficou confirmado num debate em Leipzig com João Eck, entre 4 e 8 de julho de 1519.
A partir de então Lutero declara que a Igreja Romana necessita de Reforma, publica vários escritos, dentre os quais se destaca "Carta Aberta à Nobreza Cristã da Nação Alemã Sobre a Reforma do Estado Cristão". Procurou o apoio de autoridades civis e começou a ensinar o sacerdócio universal dos crentes, Cristo como único Mediador entre Deus e os homens, e a autoridade exclusiva das Escrituras, em oposição à autoridade de papas e concílios. Em sua obra "Sobre o Cativeiro Babilônico da Igreja", ele atacou o sacramentalismo da Igreja. Dizia que pelas Escrituras só podem ser distinguidos dois sacramentos o batismo e a Ceia do Senhor. Opunha-se à alegada repetida morte sacrificial de Cristo, por ocasião da missa. Em outro livro, "Sobre a Liberdade Cristã", ele apresentou um estudo sobre a ética cristã baseada no amor.
Lutero obteve grande popularidade entre o povo, e também considerável influência no clero.
Em 15 de julho de 1520, a Igreja Romana expediu a bula Exsurge Domine, que ameaçava Lutero de ser excomungado, a menos que se retratasse publicamente. Lutero queimou a bula em praça pública. Carlos V, Imperador do Santo Império Romano, mandou queimar os livros de Lutero em praça pública.
Lutero compareceu a Dieta de Worms, de 17 a 19 de abril de 1521. Recusou-se a retratação, dizendo que a sua consciência estava presa à Palavra de Deus, pelo que a retratação não seria seguro nem correto. Dizem os historiadores que concluiu a sua defesa com estas palavras : "Aqui estou; não posso fazer outra coisa. Que Deus me ajude. Amém". Respondendo a Dieta em 25 de maio de 1521, formalizou a excomunhão de Martinho Lutero, e a Reforma nascente também foi condenada.

Influência Política e Social
Por medidas de precaução, Lutero este recluso no castelo de Frederico, o Sábio, cerca de 10 meses. Teve tempo de trabalhar na tradução do Novo Testamento para a língua alemã. Esta tradução foi publicada em 1532. Com a ajuda de Melancton e outros, a Bíblia inteira foi traduzida, e, então, foi publicada em 1532. Finalmente, essa tradução unificou os vários dialetos alemães, do que resultou o moderno alemão.
Tem-se dito que Lutero foi o verdadeiro líder da Alemanha, de 1521 até 1525. Houve a Guerra dos Aldeões em 1525, das classes pobres contra os seus líderes. Lutero tentou estancar o derramamento de sangue, mas, quando os aldeões se recusaram a ouvi-lo, ele apelou para os príncipes a fim de restabelecerem a paz e a ordem.
Fato notável foi o casamento de Lutero, com Catarina von Bora, filha de família nobre, ex-freira cisterciana. Tiveram seis filhos, dos quais alguns faleceram na infância. Adotou outros filhos. Este fato serviu para incentivar o casamento de padres e freiras que tinham preferido adotar a Reforma. Foi um rompimento definitivo com a Igreja Romana.
Houve controvérsia entre Lutero e Erasmo de Roterdã, que nunca deixou a Igreja Romana, por causa do livre-arbítrio defendido por este. Apesar de admitir que o livre-arbítrio é uma realidade quanto a coisas triviais, Lutero negava que fosse eficaz no tocante à salvação da alma.

Outras Obras.
Em 1528 e 1529, Lutero publicou o pequeno e o grande catecismo, que se tornaram manuais doutrinários dos protestantes, nome dado aqueles que decidiram abandonar a Igreja Romana, na Dieta de Speyer, em 1529.
Juntamente com Melancton e outros, produziu a confissão de Augsburg, que sumaria a fé luterana em vinte e oito artigos. Em 1537, a pedido de João Frederico, da Saxônia, compôs os Artigos de Schmalkald, que resumem seus ensinamentos.

Enfermidade e Morte.
Os últimos dias de Lutero tornaram-se difíceis devido a problemas de saúde. Com freqüência tinha acesso de melancolia profunda. Apesar disso era capaz de trabalhar tenazmente. Em 18 de fevereiro de 1546, em Eisleben, teve um ataque do coração, vindo a falecer.

A Teologia de Lutero.
Como monge agostiniano, Lutero dava preferência a certos estudos, dentre os quais se destacam a soberania de Deus, dando uma abordagem mais bíblica às questões religiosas e às doutrinas cristãs. Alguns pontos defendidos por Lutero são:
1. Nem o papa nem o padre têm o poder de remover os castigos temporais de um pecador.
2. A culpa pelo pecado não pode ser anulada por meio de indulgências.
3. Somente um autêntico arrependimento pode resolver a questão da culpa e do castigo, o que depende única e exclusivamente de Cristo.
4. Só há um Mediador entre Deus e os homens, o homem Jesus Cristo.
5. Não há autoridade especial no papa.
6. As decisões dos concílios não são infalíveis.
7. A Bíblia é a única autoridade de fé e prática para o cristão.
8. A justificação é somente pela fé.
9. A soberania de Deus é superior ao livre-arbítrio humano.
10. Defendia a doutrina da consubstanciação em detrimento da transubstanciação.
11. Há apenas dois sacramentos: o batismo e a ceia do Senhor.
12. Opunha-se a veneração dos santos, ao uso de imagens nas Igrejas, às doutrinas da missa e das penitências e ao uso de relíquias.
13. Contrário ao celibato clerical.
14. Defendia a separação entre igreja e estado.
15. Ensinava a total depravação da natureza humana.
16. Defendia o batismo infantil e a comunhão fechada.
17. Defendia a educação dos fiéis em escolas paroquianas.
18. Repudiava a hierarquia eclesiástica.


Bibliografia
1 - "Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia"; R. N. Champlin; J. M. Bentes; Candeia; 1994.
2 - "Enciclopédia Histórico-Teológica"; W. A. Elwell, ed.; Edições Vida Nova;1990.
3 - "Teologia dos Reformadores"; T. George; Edições Vida Nova; 1994.
4 - "História da Igreja Cristã"; R. H. Nichols; CEP;1992.

Fonte: Publicado originalmente em http://pregaioevangelho.vilabol.uol.com.br/hist_lutero.html

http://www.musicaeadoracao.com.br/diversos/martinho_lutero.htm